O processo criativo no design de estampas possui etapas que você vivencia diariamente, mas é provável que nunca tenha parado para pensar como essa fases acontecem, desde o surgimento da ideia até o resultado final com o produto estampado. Portanto, é possível que você ainda não saiba o quanto o processo criativo pode despertar sua criatividade.
Ao falar de criatividade, há tempos ela foi tida como um dom divino em que poucos indivíduos a possuíam; as ideias criativas surgiam do nada, como se caíssem do céu para os afortunados detentores dessa magia.
Porém, caso você não se considere criativo, saiba que há estudos dedicados a pesquisar esse “dom”, e comprovam que todo ser humano é dotado de criatividade, basta estimulá-la. Essa concepção se dá por meio de métodos capazes de despertar a criatividade durante o processo criativo, e isso se aplica também no design de estampas (design de superfície).
Mas, o que é criatividade?
O termo criatividade tem origem na palavra latina creare, que significa gerar ou produzir, remetendo assim para uma força criadora que dá origem a algo de valioso. É definida como sendo a capacidade de criar, de inventar; qualidade de quem tem ideias originais, quem produz ou cria coisas novas.
Atualmente, a criatividade é incorporada em várias áreas profissionais, inclusive no mundo dos negócios, num pensamento em que o foco é resolver problemas de uma nova maneira, de tal forma que as pessoas consigam pensar “fora da caixa”, como tanto ouvimos por aí.
Os 3 fundamentos de todo processo criativo
São três ações mentais que formam uma estrutura integrada em que se baseiam todos os métodos de pensamento criativo:
Atenção – consiste em concentrar-se na situação ou no problema;
A partir da concentração você irá preparar sua mente para romper com a realidade existente e se abrir para a percepção de novas possibilidades que normalmente não enxergamos.
A ideia é tentar entender a situação, procurando respostas para as seguintes questões: O que está havendo? Onde? Quando? Como? Por quê? Quem está envolvido?
Fuga – foca em escapar do pensamento convencional;
Após se concentrar na maneira como as coisas são feitas atualmente, o segundo princípio do processo criativo nos chama a escapar mentalmente dos nossos atuais modelos de pensamento, ou seja, “pensar fora da caixa”.
É o momento de refletir e escapar dos bloqueios mentais e derrubar as paredes que limitam nossa imaginação ao que sempre fizemos, ao que é confortável e seguro.
Os hábitos, mais do que nossas habilidades, predominam na escolha de nossos caminhos.
Movimento – considera essencial dar vazão à sua imaginação.
Nessa etapa, você vai libertar sua imaginação e gerar novas alternativas, sem perder seu objetivo de vista, que é o propósito do processo criativo. É o momento de fazer conexões, de ver analogias e relações entre ideias e objetos que a princípio não eram relacionados.
Bloqueios Mentais
Os bloqueios mentais são crenças limitantes, pensamentos e conceitos que foram repetidos tantas vezes que passamos a aceitá-los como verdades e que nos impedem de liberar a criatividade e enxergar por outros pontos de vista, justamente por estarmos presos a um padrão de pensamento.
Existem técnicas como o brainstorm, o mind maps (mapas mentais) e rascunhos que podem ser usadas para fugir do bloqueio criativo.
Assista ainda o vídeo O que é criatividade, que mostra como você pode descobrir seu potencial criativo, além de técnicas para desenvolvê-lo e como identificar os bloqueios que o restringem.
Design Thinking como técnica criativa
Um dos métodos mais utilizados atualmente para florescer o seu potencial criativo em busca de ideias e soluções inovadoras é o Design Thinking, que possibilita usar ferramentas criativas para resolver problemas. Portanto, não deixe de assistir o vídeo sobre essa estratégia:
Etapas do processo criativo
- Identificação: Nesse primeiro contato é importante conhecer o problema, levantar as dúvidas e olhar novas opções. Ela é a primeira porque os seus desdobramentos nomeiam todas as outras etapas.
- Preparação: É o período da coleta de dados essenciais a chegada de uma solução criativa. Isso inclui perguntas tipo: O que? Quem? Quando? Onde? Como? Por que?. Geralmente é a fase onde a ansiedade aumenta, levando a próxima.
- Incubação: Acontece inconscientemente quando a mente absorve e se aprofunda no problema encontrado. Pode ser associada a prática de um esporte ou lazer, como a liberação de energia.
- Aquecimento: Voltando ao plano do consciente, esse passo ocorre com a estimulação de soluções para o problema. Aqui que entra as técnicas de brainstorming que falei lá em cima. Agora você entendeu aquele subtítulo não é mesmo?
- Iluminação: É o insight criativo que encerra a angústia causada pelo problema e desenvolvido até aqui. Basicamente a ideia que pode resolver a questão, aparecendo pelo primeira vez.
- Elaboração: É a concretização da ideia tida na fase anterior, envolvendo novamente o lado esquerdo do cérebro. Aqui basicamente se faz acontecer, o famoso mão na massa com muita transpiração.
- Verificação: Trata-se do teste da ideia ou hipótese construída, podendo levar dias, meses ou até anos para ser finalizada.
Vamos praticar?
Teoria é bacana para o conhecimento, mas você que trabalha com design de estampas ou deseja começar nesse segmento, o ideal é colocar a mão na massa para criar suas estampas e padronagens exclusivas, autênticas e imprimir sua marca.
Então, proponho um desafio, que nada mais é que um exercício.
Mas antes de começar, entenda quais são os princípios específicos para um projeto de design de estampa corrida.
Motivo: Figura ou elemento de preenchimento que constituem o desenho original, ou até mesmo o módulo. O motivo pode se repetir dentro de um mesmo módulo.
Módulo: É a unidade do padrão, que é a menor área que constitui todo elemento visual do desenho.
Repetição: É a tradução do repeat em inglês ou do francês rapport. A repetição no design de superfície é a forma de ordenar a continuidade dos módulos no sentido vertical e longitudinal, gerando o padrão.
Encaixe: Dos motivos entre o módulos: É o estudo feito prevendo os pontos de encaixe do módulo de forma predeterminar a sobreposição pelo sistema de repetição.O encaixe é formado por dois princípios: Continuidade e Contiguidade.
Continuidade: É encadeamento ordenado de forma contínua dos elementos visuais organizados sobre uma superfície, gerando o efeito de propagação do módulo.
Contiguidade: É a harmonia visual formada pelo encontro dos módulos e quando repetidos na vertical e longitudinal formam um padrão. A visualização contínua entre a figura e o fundo revela novos sentidos e ritmos.
Sistema de repetição dos módulos: É a ordem pela a qual o módulo se repete em intervalos constantes. Há muitas possibilidades na organização dos módulos de forma a ordenar o encaixe no sistema de repetição.
O sistema de repetição se refere ao modo como vamos repetir o módulo, que é definido pelo Designer no momento da criação. Esta repetição pode variar formando desenhos diferenciados com o mesmo módulo. Também pode haver variação da posição do motivo ( Desenho) dentro do módulo. Sendo elas: translação , rotação, reflexão.
Translação: É a repetição do módulo na direção original e desloca-se uma determinada distância sobre um eixo.
Exercício prático sobre processo criativo no design de estampas
1º Definição dos problemas;
Escolha um dos elementos básicos do desenho para trabalhar. Vamos, como exemplo, optar pelo PONTO.
Então, com papel e lápis na mão, faça algumas perguntas, como: O que se pode fazer com o Ponto?
Talvez uma linha pontilhada; contorno, sombreamento ou preenchimento de uma forma.
- Que elemento pode ser associado como ponto ou “bolinha”?
- O que pode ser usado para preencher as “bolinhas”?
É provável que você tenha usado como referência as bolas da padronagem conhecida como Poá. Então, pense, escreva ou desenhe esse padrão a partir da sua imaginação, e enquanto você estiver fazendo isso, estará utilizando o método Brainstorming para analisar as inúmeras possibilidades.
O objetivo aqui é inovar na criação de sua padronagem (tecido de bolas) de acordo com o seu público-alvo.
Geração de ideias;
Na segunda fase, o elemento gráfico que você irá usar é a linha, interpretada como as riscas “listras” para a criação de padronagem têxtil.
Quantas formas a linha pode ter?
Reta, Curva, Ondulada, Mista e Quebrada. A posição da linha pode ser: vertical, horizontal e inclinada.
Quais podem ser as direções das linhas?
- Convergente: Se dirigem a um só ponto.
- Divergente: A direção pode ser para vários pontos saindo de um mesmo ponto.
- Paralelas: Seguem na mesma direção mantendo a mesma distância entre si.
- Perpendiculares: Se cruzam formando ângulo retos.
Quais elementos podem ser associados para criar uma linha?
Novamente faça uso do método Brainstorming.
Criação de forma;
A terceira fase se divide em três partes:
- Primeira: decomposição da forma;
- Segunda: transposição da forma figurativa para forma geométrica;
- Terceira: forma geométrica para forma abstrata.
Pense no conceito “de uma coisa nasce uma coisa” e explore uma forma figurativa a partir do elemento por parte e não só como um todo.
Na segunda parte, para transpor uma forma figurativa para uma forma geométrica, imagine o Tangram e o Origami, como referência de forma geométrica.
A visualização destas formas vão facilitar a sua percepção da geometria. Nesta atividade você irá decompor a forma. Essa técnica facilitadora tem como princípio o ponto e linhas retas. Com esses dois elementos gráficos é possível transpor uma forma figurativa para uma forma geométrica.
Na terceira parte, você irá transformar uma forma geométrica em uma forma abstrata. Use a técnica de amarrotar o papel; você verá que na tentativa de formar uma imagem, a forma já se “fica” abstrata.
Esse exercício é só uma proposta, você pode executa-lo da forma que preferir pois não existe uma fórmula para ser criativo. É fundamental entender que Processo Criativo não é Fórmula da Criatividade 😉